Nascimento: 6 de Maio de 1856 Příbor, República Checa
Falecimento: 23 de Setembro de 1939 (83 anos) Londres, Inglaterra
Escola/tradição: Psicanálise (fundador)
Principais interesses: Neurologia, Antropologia, Psicologia, Sociologia
Idéias notáveis: Inconsciente, sonho, libido, divisão do aparelho psíquico, desenvolvimento psicossexual, pulsão, mecanismos de defesa, determinismo psíquico
Influências: Jung, Brücke, Darwin, Charcot, Breuer, Sófocles, Shakespeare, Goethe, Schopenhauer
Influenciados: Jung, Lacan, Adler, Klein, Escola de Frankfurt, Guattari, de Beauvoir, Castoriadis e outros...


Por Ingrid Forino

   Em uma carta para Jung, de 6.12.1906, Freud escrevia: "Poder-se-ia dizer que a cura [psicanalítica] é essencialmente efetuada pelo amor. E a transferência, na realidade, proporciona a prova mais convincente - a única de fato irrefutável - de que as neuroses são determinadas pela história de amor do indivíduo".


   Em "Sobre a psicoterapia" afirmou que falta aos neuróticos ... a capacidade de amar, e, em sendo assim, compreende-se que a terapêutica precisa ser "essencialmente efetuada pelo amor", para tentar diminuir esta falta. Diz Freud:

   Sei que minha ênfase no papel da parte sexual na formação das psiconeuroses tornou-se conhecida mas ...a multidão ... retém de uma tese apenas o núcleo bruto, dela criando para si uma versão extremada e fácil de gravar. É possível também que muitos médicos tenham feito uma vaga idéia de que, como conteúdo de minha doutrina, eu atribuiria, em última análise, a neurose à privação sexual... Como seria fácil, com base nessa premissa, evitar o tortuoso e cansativo caminho do tratamento psicanalítico e dirigir-se diretamente à cura, recomendando, como meio terapêutico, a atividade sexual... Mas as coisas são diferentes. A necessidade e a privação sexuais são meramente um fator que entra em jogo no mecanismo da neurose; se houvesse apenas esse fator, o resultado não seria a doença, mas sim, a devassidão. O outro fator, igualmente indispensável, mas esquecido... a incapacidade de amar, esse traço psíquico a que chamei
"recalcamento".

  
Por Alessandra Palma




      Por Alessandra Palma

   Na vasta obra de Freud, apesar desta ter sido, de início, predominantemente voltada para a questão clínica, encontra-se a preocupação de se construir uma compreensão - sempre orientada através de uma ótica voltada às suas investigações clínicas-, sobre a condição humana. Para ele a humanidade e sua cultura é uma patologia, e assim ele desenvolve todo seu trabalho sem dissociar o patológico encontrado no indivíduo do patológico identificado no comportamento da sociedade e da civilização.

   Todo o edifício teórico da psicanálise está fundado na compreensão do sujeito perante suas defesas e estratégias para interagir com o mundo externo através daquilo que ele consegue identificar como sendo o seu ser, o qual se move na busca incessante de realizar seus desejos.

   Sobre esta abrangente afirmação, Freud constrói com sua obra, um vastíssimo conjunto de descobertas, que vêm fundar um saber original sobre os mecanismos mais profundos do ser humano. Consegue, através da investigação clínica associada a uma sólida formação intelectual, sistematizar, em grande parte, o funcionamento daquilo que pode ser considerado a pedra angular de todo o saber psicanalítico: o inconsciente. Suas descobertas vão gradativamente identificando fenômenos e relações causais neste universo até então enigmático para a humanidade, delineando a prevalência do inconsciente sobre a vida humana. Inicialmente, interpretando os sonhos dos seus pacientes, e os seus próprios, Freud vai consolidando com invejável rigor científico um vasto campo teórico no qual assentaria a psicanálise.



   Paralelamente a esta investigação do microcosmo do ser humano, este constrói uma ponte teórica entre o ser humano e a civilização, não deixando de identificar uma forte relação causal entre o sofrimento neurótico do ser humano e o próprio processo civilizatório em que o mesmo está imerso. É sobre este traço do pensamento freudiano, o desenvolvimento da civilização e sua relação na estruturação psíquica do indivíduo, aqui identificado como o seu pensamento social, que se buscará refletir.


Por Alessandra Palma

O século da psicanálise


   Na lista dos nomes que mais influenciaram os rumos da civilização ocidental nos últimos 100 anos, o de Sigmund Freud certamente ocupa lugar de destaque. O criador da psicanálise inaugurou uma nova maneira de compreender o ser humano – longe dos dogmas religiosos tanto quanto da febre da razão voltada para a produção, que se abateu, como uma epidemia, sobre a Europa (e sobre o restante do mundo ocidental) a partirdo século 19.


   A complexidade do ser humano, o conceito de consciência individual e a noção de profundidade na vida psíquica foram temas centrais de seus estudos e de sua prática psicanalítica, e
Freud deixou uma marca indelével sobre as humanidades de um modo geral, influenciando campos tão diversos como a antropologia, a educação, a arte e a literatura.
 
   Assim, esta edição da Revista 18 dedica dez de suas páginas a uma longa conversa com Fábio Landa, psicanalista e médico brasileiro há quase duas décadas radicado em Paris, onde se dedica ao ensino e à clínica, e um dos mais lúcidos representantes do pensamento psicanalítico contemporâneo. Landa analisa os rumos da psicanálise hoje, sempre tendo em vista, como Freud, sua ligação inextricável com as artes, com a estética, com a literatura e com a filosofia. E conclui que, num mundo onde outra vez os fanatismos – da religião tanto quanto das políticas laicas de opressão – ameaçam, de maneira cada vez mais avassaladora, a consciência e a liberdade individuais, a psicanálise preserva um espaço laico de reflexão e de lucidez.


   Freud é representante de um pensamento judaico europeu, de molde cosmopolita, tributário da tradição do humanismo, do pensamento científico e também do judaísmo. E as implicações políticas de seu pensamento estão vinculadas a ideais de democracia e de pacifismo que se tornam a cada tanto mais voláteis e ilusórios no mundo contemporâneo. A manipulação da consciência, seja por meio do terror puro e simples, seja por meio do fanatismo religioso, seja por meio da torrente incessante da propaganda, está na ordem do dia num mundo em que a retórica da ameaça, da demonização e do ódio ocupam, cada vez mais, o território do diálogo, do respeito mútuo, da emancipação. A psicanálise, portanto, é mais atual (e necessária) do que nunca: um século e meio depois de seu nascimento, Freud ainda explica.

Por Alessandra Palma


Freud e a mãe Amalie:  "Eu não tinha liberdade de morrer enquanto ela estivesse viva."




  


   Freud sempre foi um filho dedicado e, no fim da vida, visitava a mãe todo domingo. Quando ela morreu aos 95 anos, em 1930, Freud escreveu a um amigo psicanalista: “Eu não tinha liberdade de morrer enquanto ela estivesse viva, e agora tenho”. Freud sobreviveria somente nove anos à mãe.

   Freud casou aos 30 anos com Martha Bernays, em 1886. Não casou virgem, mas suas experiências sexuais anteriores ao casamento foram com “profissionais” e esparsas. Pouco depois de conhecer Martha (cinco anos mais moça), em abril de 1882, Freud mandou-lhe uma rosa vermelha. “A primeira conversa em particular foi numa caminhada ao ar livre em 31 de maio. Em 15 de junho, Freud escreveu a ela a primeira do que seriam milhares de cartas de amor; a resposta dela foi ‘um suave aperto de mão sob a mesa’. Dois dias depois, ele a pediu em casamento; eles ficaram noivos de forma secreta e extraoficial — Freud acreditava que um estudante sem meios e de visões firmemente não religiosas seria inaceitável para a família da moça.

   O rumor mais intenso que cerca a vida sexual de Freud é a relação com a cunhada, Minna Bernays. Depois da morte do noivo, ela trabalhou por algum tempo como governanta e dama de companhia; prestou ajuda à irmã nos nascimentos sucessivos dos seis filhos de Martha e acabou ficando: “Minna tinha 34 anos quando se instalou na casa dos Freud e estava resignada, havia muito tempo, com a perspectiva de nunca se casar”. Segundo Appignanesi-Forrester: “Enquanto Martha era pequena e delicada, ‘espirituosa porém muito raramente ferina’,Minna era grande, imponente, autoconfiante, enérgica e cheia de opiniões”. Freud a chamou certa vez de “minha confidente mais próxima”.


Por Lyvya Reinoso

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