Na vasta obra de Freud, apesar desta ter sido, de início, predominantemente voltada para a questão clínica, encontra-se a preocupação de se construir uma compreensão - sempre orientada através de uma ótica voltada às suas investigações clínicas-, sobre a condição humana. Para ele a humanidade e sua cultura é uma patologia, e assim ele desenvolve todo seu trabalho sem dissociar o patológico encontrado no indivíduo do patológico identificado no comportamento da sociedade e da civilização.

   Todo o edifício teórico da psicanálise está fundado na compreensão do sujeito perante suas defesas e estratégias para interagir com o mundo externo através daquilo que ele consegue identificar como sendo o seu ser, o qual se move na busca incessante de realizar seus desejos.

   Sobre esta abrangente afirmação, Freud constrói com sua obra, um vastíssimo conjunto de descobertas, que vêm fundar um saber original sobre os mecanismos mais profundos do ser humano. Consegue, através da investigação clínica associada a uma sólida formação intelectual, sistematizar, em grande parte, o funcionamento daquilo que pode ser considerado a pedra angular de todo o saber psicanalítico: o inconsciente. Suas descobertas vão gradativamente identificando fenômenos e relações causais neste universo até então enigmático para a humanidade, delineando a prevalência do inconsciente sobre a vida humana. Inicialmente, interpretando os sonhos dos seus pacientes, e os seus próprios, Freud vai consolidando com invejável rigor científico um vasto campo teórico no qual assentaria a psicanálise.



   Paralelamente a esta investigação do microcosmo do ser humano, este constrói uma ponte teórica entre o ser humano e a civilização, não deixando de identificar uma forte relação causal entre o sofrimento neurótico do ser humano e o próprio processo civilizatório em que o mesmo está imerso. É sobre este traço do pensamento freudiano, o desenvolvimento da civilização e sua relação na estruturação psíquica do indivíduo, aqui identificado como o seu pensamento social, que se buscará refletir.


Por Alessandra Palma

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